Sinto vontade de chorar...!

Você tambem sente vontade de chorar?

Tive vontade de chorar quando vi pela TV o apelo de uma mulher de 300 kg por um spa hospitalar. O apelo dela ecoou pela emissora de TV, por hospitais que a internavam e a despediam para casa sem mais recursos para ajudá-la, pelo corpo de bombeiros que a transportava, pela vizinhança que a carregava junto com o corpo de bombeiros. O apelo dela ecoou por tantos outros e por mim também. Tarde demais! Ela morreu um dia antes de ser aceita por um spa depois de inúmeras tentativas frustradas.

Tive vontade de chorar quando vi pela TV o número crescente de crianças morrendo pela violência de estranhos e de seus pais-estranhos. Crianças que são arrastadas atadas a cinto de segurança, crianças torturadas por seus tutores e “padrinhos”, crianças arremessadas janela a fora, crianças disciplinadamente espancadas, crianças indígenas que deram o azar de nascer culturalmente “errado”. Crianças! Por que as odiamos tanto?

Tive vontade de chorar quando vi pela TV a história de uma profissional do sexo de 74 anos! Há 60 anos se profissionalizando em sexo. Cobrando “trintão e mais 10 do quarto” para sobreviver já que não tem aposentadoria. Ela ainda sonha com uma mudança de vida, já que “isso não é vida pra ninguém”.

Tive vontade de chorar quando soube que pelas estradas margeando latifúndios, famílias vizinhas a esses vastos e verdes pastos exibem placas assim: ”Precisamos de comida”!

Tive vontade de chorar quando perdi um amigo para a pedra. Com um piscar de olhos, o crack falou mais alto dentro dele do que a Rocha. Em poucos dias, o que era um exemplo de sobrevivência voltou às ruas a mendigar o pão. Com ele, uma geração virando fumaça e pó. Literalmente, do pó ao pó.

Tive vontade de chorar quando ouvi histórias – várias delas – de gente que teve vontade de ter pai e mãe e não teve. Só que seus pais estavam vivos. Pena não estarem vivos para esses filhos… Alguns pedófilos deram colo a eles e de lá, não saíram mais… Você sairia?

Tive vontade de chorar quando vi uma geração de idosos sendo transformados em catadores da latinha. As rugas se misturando com o alumínio amassado para que a reciclagem garanta o pão de cada dia já que não cabem mais nos nossos orçamentos improdutivos.

Tive vontade de chorar quando soube do tanto de comida jogada no lixo diariamente. Lembrei-me de um homem que vi pelo ônibus comendo arroz extraído da lata de lixo. Também me lembrei de uma senhora moradora de um “lixão”. Ela estava feliz da vida por ter sido agraciada com um saco de peixe que, para mim e provavelmente você, estava em putrefação já que não sabemos o que a fome é capaz de fazer com os sentidos de um ser humano. Para ela era “peixe fresco”!

Tive vontade de chorar quando fiquei sabendo que uma amiga foi alvo de um estuprador. O nome de Jesus a salvou do homem e o homem foi salvo de si mesmo. O estupro nem o homicídio se realizaram quando o nome de Jesus ecoou pelo beco escuro.

Tive vontade de chorar quando parei para pensar sobre tantas coisas que eu poderia ter feito como Corpo de Cristo e não fiz. Pessoas que não ouvi, dinheiro que não doei, oração que não ofereci, atenção que não dei…

Notei uma mudança, entretanto. CHOREI! Depois, OREI… “Deus, não deixe que as lágrimas sequem e eu me resseque no esquecimento. Ajude-me a lembrar que minha vida pode fazer a diferença! Enxugue as minhas lágrimas à medida que eu enxugo as do meu próximo.”

Andréa Vargas / Avalanche Missões Urbanas

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